Setembro é considerado o mês dos surdos e a escolha deste mês para prestarmos homenagens e trabalharmos por uma sociedade mais justa se deve a aspectos históricos que remontam o ano de 1880, durante o Congresso de Milão, entre 06 e 11 de setembro quando foi proibido o uso da língua de sinais na educação dos surdos.

A escolha da cor azul se deveu ao fato de que durante a II Guerra Mundial os nazistas identificavam as pessoas com deficiência com uma faixa azul usada em um dos braços, porém, com o fim da guerra, a mesma cor passou a ser utilizada pelos surdos para simbolizar a opressão enfrentada pelos surdos e também para representar o orgulho da identidade surda.

Como forma de prestarmos homenagem a todas as pessoas surdas e com deficiência auditiva e acreditarmos que a responsabilidade de fazer uma sociedade mais inclusiva é de todos nós, entrevistamos Pedro Gregório, instrutor de libras da Escola Estadual Mestre Zeca Amâncio (EEMZA), no município de Itabira - MG, e portador de deficiência auditiva, profissional o qual a EEMZA orgulha-se de tê-lo como parceiro.

Entrevista do Instrutor de LIBRAS de Itabira, Pedro Henrique Gregório, para a escola EEMZA.

EEMZA – Olá Pedro! Tudo bem! Agradecemos muito a você pela entrevista. Poderia nos contar um pouco sobre você, sobre a relação da surdez e sua vida?

Pedro Gregório - Oi, tudo bem? Há muito tempo, enquanto minha mãe estava grávida, ela contraiu rubéola, por isso nasci surdo. Meus pais, minha família ficaram desesperados, pois não havia informações sobre surdez. Havia a possibilidade de usar aparelho auditivo, mas era muito caro, então eles não sabiam o que fazer. Depois tivemos contanto com outras pessoas, e trocando informações, conseguimos os aparelhos auditivos gratuitamente no Hospital de Bauru em São Paulo. E como foi a minha infância? Minha família, amigos e vizinhos me apoiaram e interagiram pacientemente comigo. Houve algumas barreiras, mas eu me sinto tranquilo, normal.

EEMZA – Há outros surdos ou pessoas com deficiência auditiva em sua família?

Pedro – Não, não há. Todos os membros da minha família toda são ouvintes, eu sou o único surdo.

EEMZA - Como foi se reconhecer Surdo?

Pedro - Quando comecei a usar aparelhos auditivos eu tinha quase dois anos de idade e eu treinava a fala e a leitura labial com minha família que é ouvinte, vivenciando isso com eles. Nunca me preocupei com isso, me sinto normal, igual a todo o mundo. Quando eu era adolescente e estudava, o professor começava a explicar e eu ficava meio perdido, era como se eu não entendesse nada, era uma grande barreira. Depois descobri que na EEMZA tinha intérprete de LIBRAS então me transferi para lá no 9º ano. Na EEMZA eu tive o acompanhamento com intérprete, contato com outros surdos e fui me integrando e interagindo com a comunidade surda, obtendo um aprendizado esclarecedor. Hoje eu uso a LIBRAS e o Português Oralizado para me comunicar.

EEMZA - Como foi sua vida acadêmica? Você conhecia a Língua de Sinais? Teve Intérprete?

Pedro - Quando estudei e me formei no ensino médio na EEMZA já haviam na escola intérpretes de LIBRAS. Eles me acompanharam do 9º ano ao 3º ano do ensino médio, antes disso eu só tinha Professor de Apoio. Também tive o apoio de fonoaudiólogos e do CEMAE. Me formei no curso de Desenho Mecânico no SENAI onde também tinha intérprete. Como eu aprendi a Língua de Sinais? Comecei quando eu tinha 13 ou 14 anos, na escola EEMZA. Na EEMZA tive professores ótimos, maravilhosos! Sou muito agradecido! Lembro-me de ter participado de várias atividades, danças, experiências, enfim... Aprendi várias coisas, foi muito bom! A escola me apoiou, me incentivou, e assim me superei!

EEMZA - Como foi a sua escolha de profissão? Por que quis ser Instrutor? Gosta de ser Instrutor?
 
Pedro - Quando eu estudava na EEMZA, fiquei sabendo que tinha instrutor ensinando LIBRAS aos alunos ouvintes, e fiquei interessado. Então minha família, os amigos e professores me incentivaram a aproveitar a oportunidade para fazer o curso e aprender coisas novas. Fiz o curso e depois comecei a trabalhar com os surdos na sala de recursos e também a ministrar o curso básico de LIBRAS para ouvintes. O objetivo é melhorar a comunicação na sociedade, também ampliar o conhecimento, o contato e a interação dos surdos e da comunidade surda.
 
EEMZA – Pedro, agradecemos muito a entrevista que você nos concedeu, sua história é inspiradora para muitas pessoas, pois é uma história de enfrentamento à dificuldades, persistência e vitória. Somos muito gratos ao trabalho exemplar que você desenvolve na EEMZA. Muito Obrigado!

Entrevista concedida à intérprete de Libras Cíntia Cristina Mélo Campos e Lopes.

Texto: Equipe EEMZA.

Disponível em: Site da EEMZA

 
 
 
 
 

 

 

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